quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Daqueles assim, moras aonde? "Estado de riso"

bloquinho

Eu antena quando olhei, vi. Seria assim mesmo, assado. Um asfalto em declive queimando as solas gastas dos filões todos, e um tantam alto pesado, fosse meu talvez, diante da gente toda que bebia os sambas se abriu com ele e só com ele meu primeiro sorriso, largo, cheio de dentes... porque antes era só moldura, sorria porque não era triste, porque tanto fazia, mas quando percebi o clarão do moço que sem querer abriu. Abriu-me o riso, solto, desabrochado.
O rosto era assim qualquer, branco, suado e piscou. Desses que quando se nota, lembra, intriga. “Eu não te conheço de algum lugar?”. Não perguntei, achei antigo, porventura fosse, a dúvida ainda mais vermelha de sol, vergonha, porque não é assim de encarar, encabula. Ele não... usava chapéu. Ai de mim com esse tipo que ainda não me livro. Gosta de uma cachaça, coisa de vó, não tem jeito, sei não. Pegou-me pra dançar, que coisa é essa hoje em dia não é de par, no entanto deixa, quis dizer, mas não, melhor. Ombro bom, seguro, parece bobagem. Elixir, moço-romance e rodar até o sol tirar pestana e o assovio afinar quase mudo.
Tudo logo foi cedendo, um povo quarta-feira. De sobrar nós e uns pingados que quase não estavam. Assim, coube então. Doeu. “Então”. Pensei também que a voz quebra a magia, pensei assim que a melodia era mais, de fato, como nunca quis em silêncio fitar, gravar aquilo que sonhei.
Mais. Senti alegre despedida, gosto pele e saliva, puro. Adeus, carnaval.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Crua

Para poder olhar-se refletida e reconhecer tal silhueta, cheia de nuances curvas e femininas, de rio janeiro calor escorrer por entre os espaços macios de manto claro. Que de claridade transparece veias verdes, assim quase tatuadas, umas raízes, umas histórias. E unhas sem tempo curtinhas de coloridas tintas feias. Umbigo no meio, luneta das coisas mundo. Lá dentro observa, de vez em quando grita, mas contenta em olhar, aprende pra errar depois. Luneta pura não, aquilo que vê confuso e bonito, aquilo colorido, não queria dizer caleidoscópio, tem nome feio para o que é, mas é. Tem que ser. Depois na cabeça uns caracóis meio lisos, indecisos, da mesma cor circular dos olhos e das pintas, constelação que não morre. Sabe aquela que desponta primeiro na noite, que talvez tenha nome de planeta, aqui não precisa ter para igual beleza, fica no dedo perto da lua. E, antes que descreva o rosa luz da boca, paro e apago, para que a menina traga o reflexo de volta do Olimpo.