Se eu pudesse, mastigaria e te daria pra comer depois, o que vai te nutrir e te fazer crescer. Quando ando sentada nesta cadeira e te tenho em meu colo, meu coração vem calmo no peito. E até vir a cadeira de balanço e as pernas doerem já inchadas pelas andanças circulares, ter-lhe ao meu lado. Percebe que há movimento, na minha idade tal movimento é vida, na tua é ilusão. Fica aqui que é mais seguro. Só vá até onde não preciso dos óculos. Não me perca de vista. Se te deixo ir por descuido, me arrependo por cuidado. Quão emancipado és! Já podes andar com essas pernas brancas, marcando a areia, mas vou na frente, reforce meus passos, vem por aqui.
Espera um pouco, isso não combina, isso não te cai bem, todos verão, ninguém vai ver, esse não está bom, isso não é direito, não vai dar pé, não serve; são só sugestões, restritívas. Falo porque já sei. Que a sua queda me mata, que suas lágrimas em mim diluviam, que o seu fracasso em mim sangrou, que sua doença me deixa de cama, que os seus desamores me ensozinham, que o meu não te nega o pior. Porque és meu boneco, meu. E te moldo com esse amor que sei, podando pouco, os cabelos; e que tenta me explicar com o mesmo olhar curioso, medrosa de possibilidade, pois, não me permito aprender, então...Olha por essa fresta que te inauguro, antes tarde, o (teu) mundo perfeito.
E o boneco diz:
- Te amo.
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Um comentário:
Tentei te ler de novo. Portugal joga com Turquia no meu ouvido direito e no esquerdo um filme qualquer no ultimo volume. Impossível ler. Em outra encarnação talvez te mande um comentário.
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