Qual é o remédio pro dessentimento? Porque o que sinto, se sinto é tudo tanto fazendo. E eu cá fora. Porque sempre fui a melhor atriz, e nunca deixei de ir a qualquer cerimônia por falta de roupagem, eu ia nua, sem subterfúgios quaisquer. Se era triste, triste; se feliz, feliz. Entregava-me a personagem por mim criada e acreditava nela. O eu-profundo, o eu-âmago (acho que esse do qual falo nasce mudo e bruto, mas nasce, ainda não sei se morre, mas só a hipótese é a dor do mundo, e digo por mim, pelo meu. Esse do qual falo, não é aquele eu-solidão que é lindo também, só que é pensado. Do que falo antecede, entende? Mora atrás, veio antes. Nem ovo, galinha ou alma, esses são personagens. Falo do clima do que se é – e ainda não é bem ele, mas chega perto.) era pleno e satisfeito, e de certa forma livre, no suor, na saliva, na seiva pela atriz produzida. Era aí que eu ganhava vida. Agora o que acontece é o tempo. Hoje represento mal e o pensamento caminha em fila indiana, coisa de gente. Coisa de gente que nunca parou pra pensar que se é no mínimo dois, e seguem assim unos, e assim não sei, pra mim nunca serviu. Sentar na calçada tudo bem, ótimo, ver a vida passar é valido, juro, mas dormir não. É engraçado notar que não quero dormir. Eu não quer dormir.(e aqui não falo de sono) Tanto que venci a insônia, venci os arrepios que vinham inexplicáveis, venci as câimbras, venci-me, por completo. Sobraram uns personagens sonâmbulos e acéfalos que ainda posso sou.
Eu estou cá fora,
Numa platéia pouca
Assistindo-a improvisar
Querendo (num clima que me é profundo
E não duvido, quente)
A mim retornar.
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7 comentários:
é bom acompanhar essa evolução (sua), ainda que uma atriz escrevendo, sei do que se trata.
amo você
beijo
I, as a humble member of the audience, stand in awe.
perdão mas awe é aquela coisa do awesome?
Então... deve ser.
Bom, eu nem sei se você gosta que eu comente aqui. Pode parecer um pouco invasivo... ou talvez você seja de poucas palavras, feito seu texto, que é bonito sem adorno. Eu queria poder falar mais, mas cabe tão pouco no espaço largo que separa quem não se conhece.
Esse seu texto me lembrou uma coisa que é tipo "Dizer 'eu' já é falar de outro".
=)
Então, mudei o título. Agora, tá parecendo edital do governo.
=)
é vero...
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