quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Limpa

Eu esqueci do gosto abafado da pele inflamável, do cheiro da minha boca cravada em nuca quente atrás do ouvido, do gesto comprimido em braços lisos da lama que o suor cria. Além do que é encontrar-se enrolada, agarrada nos cabelos por causa da vontade. E de ficar a vontade latejando e a vontade conjunto e a vontade transparente. Sentido arrepiado o exato peso do corpo nu, que é preciso, exato, que é dessas palavras pequenas, portanto mensuráveis. E quero sorrir quente até o finzinho agridoce. A parte oca do pensamento onde o que nos cabe é burrice animalesca misturada e gemida. Mas é uma delícia.

2 comentários:

Unknown disse...

Acho que esse é um dos melhores, talvez o melhor de uns tempos pra cá. Cru. Sujo. Honesto. É bom de ler. Um bom de fundo de cabeça. Bom de pé de nuca.

Gostei do de cima também, apesar de não ser meu pra gostar. Gostei do "saber é uma merda". É mesmo.

Nina Monteiro disse...

nossa.