Deitada. Tudo que é sensorial fica inatingível no chão, menos a nuca esse vale crepusculento coberto por um manto de pele lisa e suada. Um rio fino que sai dos menores fios de cabelos e dançam por ela até um vale de seios e de repente se perde.
O corpo, como um corpo só anseia pelo toque daquelas mãos, tão cheias de respeito e profissionais, tão pouco curiosas, cheias de diretrizes, tão fartas de chão, tão lógicas, tão perfeitas em dedos, unhas, calos, pele, gordura, músculo, osso. Tão alheias.
Enfim, por lógica, será a última a ser tocada e nesse meio tempo a eternidade fracionada, só tende a aumentar com sua aproximação.
A cabeça pulsa. Ve-nha, Ve-nha, Ve-nha; o estômago explode em ácido para contrair tudo dentro, cada espasmo vulnerável o aguarda. Taquicardia, nervoso,e os pés desnudos gelados.(se somente os ventiladores giram? Quanto tempo há lá fora? Já escureceu? Como agir? O que dizer de esperto depois?) Vai esquecendo, vai brilhantemente esquecendo ali.
Ouvidos no chão, o eco dos passos, quantos mais? (merda de mente!)
Desiste, abre os olhos, espera pra ver diminuir. E pronto.Assim.
Primeiro os pés. Ele os vira para dentro. Deus! há poros nos pés que sentem. O toque que sobe os calcanhares, as panturrilhas e todos aqueles nomes, de todas aquelas partes tão bem divididas de mim.
Esse toque quebra a volúpia, quebrou o tântrico, deixou as mãos literalmente sobre a massa. Quanta tolice num toque severo. Fui errando ao pensar carinho.
Até que as mãos estratégicamente pousam, uma nas costas, outra na nuca. Que mãos!
Que acalmam, redimem, mãos que desculpam os pecados pensados, sem tornar inferior, mesmo sendo. Perdeu a vontade de puxá-lo para si, para dentro. Saciou-se em questões de segundo.
Se percebeu um amontoado de corpos sonolentos embalados em silêncio por uma rotação permanente, refletidos para si mesmos e conduzidos por um molde de homem viciante. Tão viciante que depois de toda inundação falsária dos sentimentos, afogou-se em paz.
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Um comentário:
incapaz de debatê-lo!
Meu
Deus
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