quinta-feira, 3 de abril de 2008

Unhas

Deixou as unhas crescerem para que ele a visse. Semana passada gostava de unhas curtas. Se ele as preferisse melhor, se não, acostumava-se. Lógico que pensava nisso. Todo mundo liga mesmo não querendo ligar. Ou só ela era? Ou a insegurança era dela? Ou era fraca? Ou mentia? Ou tudo?

Tudo com garras cor da pele, sem tempo de botar vermelho ou preto. De repente é só indecisão, mas muito de repente. Exercitava pra ser tão forte quanto podia e menos do que de fato era. Exercitava pra contentar-se, para admitir, objetivar ao invés do contrário.

Ou tinha medo da vida, medo do ânimo, ou só não era diferente e não podia admitir. Porque de vez em quando se trancava e de vez em quando saía. Porque de vez em quando mentia, e de vez em quando falava a verdade. Porque de vez em quando as unhas eram grandes, de vez em quando pequenas. Há falta de perspectiva, mas isso há pra todos. Seria só vaidade, ou o menino do óculos engraçado parou pra olhar também, e se não parou, vai desistir?

Sabe a resposta pra essa pergunta. Porque a parte dura no fim do dedo é feia, mas no fim, todo mundo acha bonito. Todos sabem. Ela tem resposta pra tudo. O que falta, além de tijolo e filme e pista de dança e papel e poeira e choro e tesão e estrada e sol e vermelho ou preto, ou cru é surpresa , sem caixa nem nada, surpresa pura.

Um comentário:

Unknown disse...

Acho que é só aqui que virei a te ler. Tudo bem. É bom. O texto pelo menos.