Deixa que a lua venha banhar meus olhos correndo a cidade quieta, que jeito pra aliviar a dor de ser eu, essa dor tão egoísta que só divido, com o casal que concebeu-me no encontro simples e infortúnio, pagarei com a dor noturna, que é a noite esquisita, de longe da janela, é sempre tão acesa e vívida me faz abrir os olhos, uma vez desgrudados, de perto, é quieta, sem pressa, com sombra. Portanto, eu nu, só de roupas e vivo de fome, viajo nesse ônibus apressado pra chegar a lugar algum, até cair em mim. Quão longe é o infinito? Poderiamos pegar a estrada que sai da Terra, que leva aos planetas, que não tem propósito, sem destino, vamos ser astronáutas! Nós todos! Nós e Napoleão (meu cachorro), nós e o motorista(e o trocador), e talvez eu, aquele cara sentado ali no ponto final. Que culpa é essa que carrego no negro dos olhos? É a noite? Só pode ser. E nem chove pra execrar essa tal dádiva, e torná-la turva, confundir a visão com a cabeça, deixar que a enchente nos torne a manchete do jornal de última hora “ônibus desaparece em enchente”, aqueles que ninguém lê, os que só os porteiros comentam, com as madames que nem ouvem quando já estão no elevador, a notícia que não subiu, porque flutua por aí, como o passarinho que vôa sem saber porquê, sempre ao primeiro raio clareante. Nunca vi pai de passarinho chorar. Foi difícil sair de casa, é mais sozinho que nunca. É mais sozinho que hoje. Mais sozinho que o espaço. É ter pra onde voltar adulto e sem graça, a volta pra Terra, embora melhor que o inferno, mas nunca céu, nem nunca espaço, só eu, o motorista, o trocador e depois do ponto final, tem sempre o Napoleão a destruir os móveis. Falta-me a fome, congelada no tapeware do último domingo na mamãe. Falta-me o ronco, que só vem depois do sono. Quase tudo falta, só não ser tão livre(no espaço).
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