terça-feira, 10 de junho de 2008

poeminha

Às vezes me bate a bosta da impotência do homem médio.
Não é a falta de virilidade
nem de dinheiro no bolso,
mas a não fartura de idéias,
a falta de agonia com o prosaico,
a aceitação com suas divergências tendenciosas,
e porra,
que maré de porra nenhuma!
O que é mesmo isso de ser transcendental?
Que história é essa de ser genial?
Onde se encontram os grandes gênios da contemporaneidade?
E seriam eles gente boa?
(Acredito que não.)

A verdade que me martela, no entanto,
é esse prego rompendo o meu verso,
um martelar ensurdecedor
que me impede de desabrochar.
Que não me permite respirar a métrica interna
desse meu coração maluco por ele.
O que não me faz transcrever
o sentimento tão pouco redundante,
tão invulgar, tão móvel,
este sim, transcendental,
o qual minha mão tola rabisca
de forma pré-coloquial.

Por fim é inevitável que esse corpo
falso-magro,
me prenda em grilhões de homem médio
e se não posso me fazer necessária,
tento, malmente tento,
escrever.

Um comentário:

Unknown disse...

Mais que tenta, escreve, por piegas que pareça, e, sim, por um segundo que seja, espanta a burocracia que é viver. Me delicio ainda (e por que não haveria de fazê-lo?) com o que você escreve. Me libera da necessidade de escrever e me permite dedicar tempo a fazer qualquer outra coisa (ainda que não haja muito a ser feito). Só devia ser mais freqüente a sua produção. Fica aqui registrado o meu protesto pessoal.