domingo, 23 de agosto de 2009

à (toda) prova

Eu sou o momento intenso antes da linha de chegada

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Do muito, do nada

Às vezes é preciso reencontro pra que através de qualquer coisa superaquecida renove-se um ser requentado. Murcho, do pão que sai do microondas e logo fica duro, e aqui não há mais espaço pra dureza, basta a vida quando não tão linda. E não vá nessa de acreditar que se sabem os exatos botões pra voltar novo, porque se fosse fácil o peito ficaria sempre morninho sempre em bom tom e nuances ocre ou, sei lá, laranja como preferirem. Dessas coisas não se tem controle já dizia aquele, senão digo eu. Não é bem felicidade o que se sente, ou pode ser, mas só por falta de precisão, essa felicidade carece de um nome cientifico, eu queria dar mas não sei.

É que o tempo torna as coisas tediosas, e há quem precise de pouco mais que respirar, mas eu nunca. Dessa natureza exigente, a mesma cobra que sai criada sai cheia de tédio, porque ela já sabe, e já saber é uma merda. Não levanto aqui a bola desses que tem sede de conhecimento dispensável, eu sei que a concha mais pesada do mundo pesava seis ou sete quilos, ou algo parecido, e isso não faz de mim uma pessoa feliz, ou melhor, eu li isso num papel de balas que tem aquelas curiosidades. Quando li, gostei, achei interessante, me renovou por hora, ou por uma fração mínima desta. A questão é que isso não me despertou paixão pelo mar, o mar que já amo.

Às vezes é preciso não comer balas por um tempo pra saber que o curioso era óbvio. É o caso de morar em si durante sempre e ainda surpreender-se. Descubro que meço o amor quando me surpreendo com o esperado, e que doce é o sabor que sinto agora. Por enquanto durar estou feliz. Por ainda não ter outro nome pra isso.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Limpa

Eu esqueci do gosto abafado da pele inflamável, do cheiro da minha boca cravada em nuca quente atrás do ouvido, do gesto comprimido em braços lisos da lama que o suor cria. Além do que é encontrar-se enrolada, agarrada nos cabelos por causa da vontade. E de ficar a vontade latejando e a vontade conjunto e a vontade transparente. Sentido arrepiado o exato peso do corpo nu, que é preciso, exato, que é dessas palavras pequenas, portanto mensuráveis. E quero sorrir quente até o finzinho agridoce. A parte oca do pensamento onde o que nos cabe é burrice animalesca misturada e gemida. Mas é uma delícia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sobre a super super estimação de um ser

Natasha diz:
-e assim sem duvida nenhuma eu acho que sou a melhor pessoa do mundo hahhaha
-e se eu perder isso
-mesmo que ninguem perceba
-o mundo que sou vai perder tambem

sábado, 25 de julho de 2009

do que sei

Não. Não me coube. Não coube o corpo que me deram.


E sei nada, eu só supunha.

Estou perdida onde já conheço.

Ainda murchei do pouco que era.

A certeza ainda que qualquer, não tem pena de mim.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sobre tentativas

Do indizível que envolve meu coração

em isopor, fita crepe e vermelho frágil

De tudo que tenho e finda

De um sofrimento

Que agora pulsa outro de um sofrimento

Do que carece justificativa, sem ter pra dar

Do que tento explicar esse pretume, que é um troço

De acontecido, de repente

É o que não sei

Daí choro,

Eu choro disso.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Manifesto

Isso porque já acordo com aquela sensação contínua, e todo mundo diz que é pra se acordar outro, mas eu não. É uma raiva que me cobre junto com os lençóis, deve ser por isso que não sinto frio. A posição do corpo deitado requer respeito, boa gente, não é qualquer coisinha de cochilar não. Cochilar se cochila sentado com barulho de ônibus, em sala de aula, em espera de médico, em salões de beleza, em cinema não, ou sim não sei, mas acho quase sempre burrice então pra mim é não. Enfim. Pense que há todo um ritual de preparação, aquele “ir deitar”, ah isso é tão bonito. Há o banho quente, o chá , a mamadeira, os pijamas limpos; eu,por exemplo , troco pijamas com uma regularidade quase metafísica, porque é uma arte saber quando, inclusive minha avó diz que eu sujo muito pijama, mas é o tal do viés artístico ou você tem ou não.
De qualquer forma, as palavras aqui me saem indignadíssimas de estarem existindo, pois neste exato momento caber-nos-ia o silêncio, e este só. Mas não, imagine se é possível dormir. Aqui vivo num cortiço de luxo, pior, nos cortiços não devia ter essa política de boa-vizinhança, me acordou puxo a navalha. Não. Aqui eles só não dão o toque de recolher, então gozo da noite pacífica, eu os lixeiros e os gatos, ás vezes dá vontade de ir a rua pra abraçar a noite que só nós entendemos. Eis que de manhã assim, naqueles primeiros estágios de sono, começa o inferno. É um barulho é a porra do teto apapeloado, que nem vidro, porta e ouvidos fechados alivia, eu devia viver na NASA ela comenta, e eu entendo de física? Além da obrigação do começo de vida, que na minha opinião deveria ser optativo, existe também a obrigação do bom humor, mas isso faz parte da cultura dos programas matinais claro, foi a partir deles que o ser humano em geral aprendeu que pela manhã a gente acorda feliz, sorridente E comunicativo. Eu, do contrário, penso que a fala deveria ser racionada e em escala tanto menor os sorrisinhos. É isso.

Bom dia.