terça-feira, 25 de setembro de 2007

Barba ruiva

Ele sabe.
Eu sei também.
Alguém mais supõe saber, mas não sabe, não sabe de nada.
Nós, os dois, e só sabemos.
Queira me ver. Me prenda e me prenda num olhar pra não perder de vista.
E me fantasie sua. Que uma máscara minha é clara. Me escondo em você.
O que quiseres eu vou ter. Vou ser seu deus jovem. E vou ser aquela que mata a monotonia. Eu vou te fazer entender. Te faço achar a graça, procuro pra você e depois mostro, me mostro.
Perca o fôlego nos beijos que não tivemos. Deixa-me sentir seu cabelo. Sente meu corpo esparramado no seu. A mão na nuca. Perto do umbigo. A barba incomoda meu pescoço. Não tira. Fica. Fica mais. Por aqui, fica em mim.
Gosto de mel. Cheiro de cru. Pele de flor. Me toca e eu vejo. Me cheira pra si. É você que me segue me deixo perseguir. E você se perde no meu rastro ordinário. No rastro errado, que você teima em seguir. Por vontade sua alheia a mente. Se culpa e vem reclamando. Mas vem, vem sem saber o porquê e vem. Vem sem entender e vem sim. Sem razão e sem cálculo. Vem por vício de saber que me tem.
O que é intenso ele sabe e não entende.
E o que eu penso é o que sei, também sem saber.
O que ninguém viu e nem vai ver.

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