sábado, 22 de setembro de 2007

Não

Cólera, cólera porque cólera. Porque é mais forte que a raiva. Cólera da incapacidade, é assim.
Porque sempre quero ser um outro que não sou. E fico não sendo para sempre. Incluindo a minha parte do ser que é pequena, penso. É tanta cólera que é impossível achar o meridiano.
É capaz de espremer a cabeça até que saia uma gota brilhante e que valha a pena, e que arranque oh’s e ah’s de gente ruim. Ruim pra burro. Mas que nunca esteve apertado, e nunca sentiu cólera. Não a minha. Não há uma busca, mas há uma procura cujo motor é esse. É justamente isso que me atormenta. O porquê que nasce em alguns tão facilmente, em mim é gerado, cobra criada, é isso que eu sou. Se é que sou. O ponto, a questão, é que não há fartura se houvesse, estava feito.
Para alguns há fartura de dinheiro, para outros de intelecto, e pra mim? Acho que não sobrou nada. Todos limparam os pratos e lamberam os beiços. E eu emagreci de esperança. Doença de esperança. Esperança de espera, do destino da corrida que não acaba, não senhor. Ai fico eu aqui ó... tento ver e não vejo, tento ser e não sou, tento largar, nem isso. É tormento !
Tormento que por vez vira cólera. Cólera porque cólera.

Um comentário:

Unknown disse...

Bom lê-la novamente. beijos.