quinta-feira, 26 de junho de 2008

Festa de São João

De repente fechei os olhos de frio, e quando abri tinha as meias vermelhas nos pés, suaves feito Nat King Cole. Subi tão alto quanto dancei, foi então comigo no meio, e todos os medos em volta de mãos dadas e pés aquecendo a ciranda do jazz. Nem fico irritada, não é incrível? Era bastante escuro, assim que se fecham os olhos e ainda tem lampejos claros, então, o depois. Aí o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor, o mato cresceu ao redor ao re-dor, chorei por saudades, ela não quis entrar na roda porque não tinha saia, mas ai ficou ali, olhando meio de lado, como quem nada quer a vi pegar na mão do medo vestido de barata e do vestido de desamor, abrindo um sorriso; Pro que é que a saudade sorri mesmo?

Bonito é ver tudo girando! Mordi um pedaço de palavra, tem gosto de cigana, não vi que destino teve. Só vi que serviu pra mim e Fernando Pessoa. Pra que parafrasear, assim tão de cara? Deixa que as palavras se amoldam em fila e formam um corrimão pra escorregar com cuidado de saber quando. Pra poder até quem sabe, descomparar. Pra poder ser bonito mesmo sem ser. Bonito é ver tudo girando, aí sim: é Fernando, é dançando, é ciranda até não parar mais. Naqueles ressonos, de quem se engasga com o ronco, eu acordo e caio de cara no matagal, e vou rolando morro abaixo, e paro lá onde Judas perdeu as meias, mais longe que as botas. E assim, nem ligo de voltar andando, vou comendo o algodão doce do céu. Viva São John (Lennon)!

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