domingo, 27 de abril de 2008

Sobre o Rio antigo

Primeiro veio o dia, depois veio a noite, e embora pareça lógico, não me parece. Eu tive que emancipar minha vontade, eu consegui prender-me ao prosaico, como em luta de perdedor. Ante a combinação infundada, o meu céu clareou, e até não chegar lá não vi a lua.

Quando sento, meu lado direito perto do dele, um mínimo toque, um esbarrão, arrepiava. Que difíceis as palavras que não saem, não sei por que acontece. Depois o encaixe, daquelas bonecas de casa de vó, umas gordinhas que cabem perfeitamente em si, delas eu era a menor. Mas até que coube no abraço, e não só até, coube nos braços. Tive que baixar os ombros. Fui só avesso, cor de púrpura. Ali na cúpula podem todos passar e não vão ver, porque só eu sinto, nós, se me perdoa a analogia prepotente daqueles ávidos. Como é bom descansar na Lua. E eu que tive medo de ir, tudo aquilo até os planetas, devia ser o mesmo céu do nascimento. Ou seria exagero, e se for, este é típico mesmo, não há nada de novo, até os textos soam antigos, mas não ligo e vou escrever.

Seilarei, os paralelepípedos perdidos nas ruas, e eu ali, todos os postes contidos em luz, e eu ali, todas as esquinas andando e ele ali, nós ali. Mas o lirismo? Que permissão é essa? Que verdades foram ditas? Ainda há tempo pras palavras? Acabou o vinho, acabou a cerveja, ficou só a festa vazia, alguns confetes, alguns fugitivos, algumas dançarinas, outras gladiadoras, uns gatos pingados em suas fantasias noturnas, não fui à caráter e não me arrependo. Não há arrependimento, há insegurança, pequenez, medo, não sei, há um misto com a fragilidade enrustida e a quebra num beijo. Que beijo!

- Corre, corre... senão, não volta!

(não consigo.)

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