terça-feira, 15 de julho de 2008

Febre

O termômetro marca trinta e sete exatos graus. Sorrio na cama e na cama fico até que qualquer vontade acessória me mova a um objetivo razoável. Tenho febre. E é esquisita, não é uma febre fisiológica é a febre do pensamento. Porque ele nem bem saiu, e sua ausência arde. Não é a saudade incontrolável de novos amantes, esta que de tão linda e fugaz passa num banho frio de distância. É o calor da constatação da ausência, não dói não, nem lateja,não é ruim e não passa. Te faz sorrir perene dentro de si mesmo, tira as flores vermelhas já secas da jarra e coloca as marfim, sob o sol morno do amanhecer de inverno. Um calor diferente; parece que dei chá de camomila ao amor, e a fumaça embaçou tudo dentro. Uma vontade de agradecê-lo e agradecê-lo intermináveis vezes, sem que ele escute pra não parecer piegas, só por me fazer sentir, só pelo prazer de não ser tão rasa, só pelo amor desgarrado, só por ainda querer. Eu nunca ainda quis, mas ainda quero. Mais ainda quero. A continuação que não o fim, bem menos irrecuperável que antes, aquela que moldará minhas arestas às novidades sensíveis do mundo (nosso). Com infinitos trinta e sete bons motivos, para dividir o edredom.

2 comentários:

Unknown disse...

Com infinitos trinta e sete bons motivos, para dividir o edredom.

lindo.

Unknown disse...

Natasha,
Queria poder escrever não para esta crônica em especial, mas para muitas outras. Não sei se isso é possível...
A mensagem:
"Vc precisa publicar isso!Já te disse...Apesar de qualquer um poder visitar teus escritos, acho que uma publicação é uma vivência importante. E não queres perder esse "trem", certo?
Essa oportunidade é nossa! Viva ela, mostre-se pro mundo. Tu tens o que dizer."
obs: fica o "foda-se!" para os doentes mentais que, com o coração canhestro, morderão os pulsos.
Dito!
beijos e mais beijos