quarta-feira, 30 de julho de 2008

pG

Hoje à noite, eu jantei o desamor. Não foi tão difícil engoli-lo. As lágrimas quentes foram desconfigurando o primeiro sorriso que entreguei a ele. O silêncio havia preparado a queda sem atenuá-la. Hoje, eu senti o amargar do desencontro dos lábios que não sabem o que dizer. Eu não vomitei as palavras, nem me passou pela cabeça a fala poética-progressiva- nervosa-errante-usual. Minha cabeça pareceu um álbum calado de retratos embora singelos, lindos. Meu banco de dados murchou, parecia o fim, ainda parece, o é. Talvez ela, minha intensidade corrosiva, essa ânsia pelo grandioso, o tenha amedrontado. Talvez o amor centavo me valesse, não... Essa lucidez hoje não engana. A doença dos amorosos é viver a esperança da incerteza convicta do final. Não irei diminuí-lo, o pássaro que carregou meu amor nas asas voou rápido, e em mim a ventania que fez, não balançou só os cabelos. Quis tua vinda como uma ida à esquina, um café pequeno, um casaco, acabei por não lembrar que de fato, era isso. Agora já é tarde, o mundo podia ter acabado naquela noite, no grude dos corpos, quando fitaste meus olhos que concordavam. Um corpo só. Hoje, a noite me reservou uma jantar sozinha, numa mesa pra dois.

Um comentário:

Nina Monteiro disse...

Lindo!! Que coisa... que emocionante, que triste... que verdadeiro. eu te amo. te amo.