sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Azul muito escuro

E de repente quero escrever sobre o medo que fica escondido na parte escura atrás da pele, dentro dos órgãos, diluído no sangue. Pra esquecer a angústia de pensar que lá dentro só mesmo, medo. Das coisas que choramos enquanto crianças, e depois engolimos. Se há dor em viver no incerto, é aquele que mora nas entranhas. Já que o alívio do grito não é o grito. Já que o alívio do pulo não é o pulo. É ainda outra forma de choro. Lágrima moderna de torneira seca. Pois a própria culpa da vida está no pleno, no máximo. A culpa é do azul. Quando no fundo, porque ele existe, sabemos que é preto, ou melhor, que também é preto. Viver requer menos misancene, pra ser mais úmido, mais aflorado. Com o todo encanto de poder tremer.

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