terça-feira, 14 de outubro de 2008

Bom inferno astral

Quando não sei o que dizer existe um problema seríssimo. Quando ao me ouvirem não souberem distinguir o que é futilidade expressa e seriedade sobre basicamente amor, é porque não sabem meu quanto. Se pudesse prolongaria minha escrita em agradecimentos, mas isso é chato e pouco rentável. Se pudesse escreveria sobre a beleza no olhar, sobre o calor de dentro, mas isso é batido. Se pudesse ser outra coisa talvez fosse morar na lua, talvez fosse atriz, dançarina, modelo e puta, talvez fosse melhor do que passar madrugadas dentro de páginas. Acarreto-me um valor tantas vezes desconhecido e outras tantas burro. Como uma vez me disseram, você não cabe em si. Achei tão bonito, guardei como um troféu em prateleiras gordas, depois achei triste, por estar guardado. Eu sou tão eu que tenho medo. E essa leitura é de fato chata, é mesquinha e dispensa os africanos sofredores, dispensa Bach, dispensa o asfalto esburacado, dispensa o grande para ser atenta a alguma coisa mais minha. A repetição do tema não é falta de criatividade, mas a inesgotabilidade deste. Pode ser pedante, o é, mas viver só dentro de mim aborrece. Invejo a ficção, invejo tanto a boa ficção... Amanhã comprarei um repelente para matar mosquitos, e nem tive a chance de dizer que um chamava-se John e o outro Brian e que tinham um amor implícito homossexual americano do norte. Um conto chato e sem clímax. “Não gozo há dias” parece real. Suscita a dúvida entre o verossímil e a verdade. Pronto um bolo de coisas descartáveis. Um mosquito me mordeu na testa. Juro!

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