domingo, 11 de maio de 2008

Box

Num banheiro incomum há um abajur, provém a única luz do lugar.
Disso não há qualquer antecedente, nasceu ali.
O chão frio sustenta o casal nu. Sentados os dois. Com tudo escorrendo bem longe dali.
Os diálogos em versos pensados deslizando pelo mesmo chão, para morrerem sem gozar de existência.
Em caixa de vidro, a água quente que chove nas costas, mancha a dela de vermelho, a dele não se vê.
Há um abraço desconfortável, nos corpos feios e sujos.
Há um beijo fraco nos lábios secos.
Há línguas chulas nos céus grenás.
Ainda há tempo.
Até que nada disso importe, o vapor inale tudo o que sempre houve. E as lágrimas salguem o dilúvio do desquerer.
Até que não se veja nada além da caixa antes lisa e disso não há qualquer futuro pensável, nasceu ali.
Cabelos molhados, é tudo feio. Deixa estar o chão que não é mais frio.
Abraçados:
-Me abraça. (não se sabe quem disse)
Continua até toda a água acabar.

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